Priscila Guimarães, Laerte e o documentário Disclosure - Netflix
As pessoas me parabenizam pela coragem de fazer o que eu fiz, assumir a minha condição de transgênero. Nem todo ato de coragem entretanto é um ato de inteligência, mas é antes e acima de qualquer coisa um ato genuíno de fé. Porquê fé? Porque fé é acreditar sem ter provas e ter coragem é se lançar de cabeça no improvável, no intangível seguindo apenas o seu impulso e instinto. Isso não é muito inteligente mas as vezes é o que exige o contexto da situação. Eu tinha que fazer uma escolha com uma arma na cabeça, em uma das opções a arma dispararia e então só sobrou a outra. É engraçado porque eu já me deparei com essa situação antes, quando eu tinha 14 anos sofri uma apendicite e essa se transformou em uma infecção generalizada, após uma cirurgia de emergência passei uns dias na UTI e mais outros internada em recuperação. A escolha me foi dada quando o médico olhou meu exame e disse que eu deveria escolher entre fazer a cirurgia e talvez sobreviver ou morrer porque a situaçã