Nome de Família

 

Imagem roubada do site omunicipio.com.br

       A muitos anos atrás eu vi um filme indiano chamado "Nome de família". Neste filme, uma família indiana residente nos EUA teve um filho e o registrou como Gogol em homenagem ao escritor russo Nikolai Gogol. Na Índia existe uma tradição que uma criança pode ser registrada com um nome provisório e posteriormente ter o mesmo substituído por outro de sua preferência, o nome definitivo. Pelo menos foi assim no filme que passou a narrar a dificuldade da criança em lidar com o nome provisório tornado definitivo escolhido pelo pai já que nos EUA a tradição indiana não vale. 
Imagine poder escolher o próprio nome, não seria ótimo? É possível, pela legislação brasileira, não sei se à revelia... Pelo menos ser transgenero nos dá esse poder, ou direito. É um dos sonhos de toda garota trans ser tratada pelo nome que representa sua identidade de gênero e isso já é realidade graças ao decreto 8.727. 
Toda pessoa transgênero tem algo que a incomoda mais do que outras coisas. Vi casos extremos de pessoas, bem conhecidas até, como o caso de uma trans que tentou fazer em si mesma a cirurgia de extração dos testículos. Pode-se deduzir o tamanho desconforto que essa pessoa sentia com o seu corpo masculino. Felizmente o meu problema foi com o nome, ele nunca me representou. Nem durante o tempo em que eu me iludia achando que minha identidade era masculina. Sério, eu nunca gostei do meu nome. Alguns dirão que é por causa do meu pai já que ele achou de dar nomes terminados em "i" ou "ir" a quase todos na família como se fôsse-mos produtos da Apple. 
É bem verdade que eu tive problemas com o meu pai afinal ele foi terrivelmente cruel ao me dizer as piores coisas que eu ouvi na vida. Mas tudo isso já passou e eu até peguei de volta o sobrenome que ele descartou de seus antepassados alemães quando houve aquela perseguição aos fugitivos nazistas no pós guerra. Como sou artista queria que meu nome soasse bem artisticamente, poderia somente ter adotado um pseudônimo (como os cantores sertanejos...arghh!) a bem da verdade. Mas também sentia a necessidade de um nome que me representasse e a minha orientação de gênero. Eu gostava do meu apelido então pensei em algo próximo que pudesse ter uma variação tal que permitisse as pessoas se adaptarem facilmente. Daí surgiu Débora Zimmer. Eu gosto de como soa e está diretamente ligado a minha auto imagem.

Débora Zimmer

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