Kitty Pride, dos X-Men - Orgulho até no nome!
Eu sei que existe trabalho melhor para se falar de Elliot Page do que X-Men mas Stan Lee estava à frente do seu tempo, como sempre, e eu não poderia deixar passar essa oportunidade. Em uma de suas maiores e melhores criações, um grupo de pessoas que sofreram mutações genéticas por causa do cromossoma x tem de se esconder da sociedade que as persegue por as considerarem uma ameaça ao status quo (e de sobra, à segurança nacional) uma vez que desenvolveram poderes especiais. Curiosamente a letra X de X-Men, que se refere ao gene x também é usada como acronismo para a palavra Trans. Ex: Transformer = Xformer. X-Men também poderia ser traduzido como pessoas trans!
E as pessoas trans passam grande parte de suas existências se escondendo da sociedade que as consideram uma ameaça ao status quo porém o único poder especial que essas pessoas possuem é uma enorme força de vontade de afirmarem seu lugar nessa mesma sociedade. Mas frequentemente também são possuidores de um grande senso crítico, percepção extrapolada da realidade, e senso de humanidade. Geralmente são pessoas especiais com talentos acima da média, se dedicam muito ao que fazem e por isso costumam chamar a atenção. Talvez tenha sido o que atraiu o meu olhar quando vi aquela garotinha no papel de Kitty Pride. Kitty é uma X-Men (ou X-Woman) introduzida por Chris Claremont e John Byrne no universo Marvel, uma jovem mutante muito talentosa que exerce o papel fundamental do episódio traduzido para o cinema Dias de um Futuro Esquecido - Days of Future Passed (que também é o nome de um disco do Moody Blues). Apesar de achar a adaptação para o cinema melhor do que a hq, o que é muito difícil de acontecer, não entendi o porque do papel principal ser dado a Wolverine e Kitty ficar com um papel secundário. Teria sido privilégio cis-hétero-normativo?
Até ali não imaginava que Ellen Page se tornaria Elliot Page através de uma "mutação" de gênero. Aquela garota agora é um jovem belo e inspirador que ergue sua voz em defesa de sua causa, que também é minha, e nos deixa uma comovente carta que será reproduzida aqui. Não há mais nada que eu possa acrescentar a este post após essa declaração desse jovem, talentoso e corajoso ator a não ser desejar boas vindas à nossa comunidade demonstrando meu mais profundo respeito e orgulho.
E para parafraseá-lo: Meu nome é Débora Zimmer.
Olá, amigos, quero compartilhar com vocês que sou trans, meus pronomes são ele/eles, e meu nome é Elliot. Eu me sinto sortudo por poder escrever isso. Por estar aqui. Por ter chegado neste ponto da minha vida.
Sinto uma enorme gratidão pelas pessoas incríveis que me apoiaram ao longo desta jornada. Não consigo expressar como é notável finalmente amar quem eu sou o suficiente para seguir o meu autêntico eu. Tenho sido infinitamente inspirado por tantos na comunidade trans. Obrigado pela coragem, generosidade e o trabalho incessante para tornar este mundo mais inclusivo e compassivo. Eu vou oferecer o apoio que eu puder e continuar a lutar por uma sociedade mais amorosa e igualitária.
Minha alegria é real, mas também é trágica. A verdade é que, apesar de me sentir profundamente feliz agora, e sabendo o quanto de privilégio eu carrego, também estou com medo. Estou com medo da invasividade, do ódio, das piadas e da violência”, diz Elliot Page. “As estatísticas são impressionantes. A discriminação contra pessoas trans são abundantes, insidiosas e cruéis, resultando em consequências horríveis. Só em 2020, pelo menos 40 pessoas transexuais foram assassinadas, a maioria delas era mulher trans negra e latina.
Para os líderes políticos que lutam para criminalizar o atendimento de saúde às pessoas trans, negando o nosso direito de existir, e para todas as pessoas que continuam usando suas plataformas enormes para falar coisas hostis às pessoas trans: vocês têm sangue em suas mãos. Vocês incentivam uma onda de ódio vil e humilhante que cai sobre os ombros da comunidade trans, onde 40% dos adultos já tentaram suicídio. Chega! Você não está sendo ‘cancelado’, está machucando pessoas. Eu sou uma dessas pessoas, e nós não ficaremos calados diante desse tipo de ataque.
Eu amo ser trans. Eu amo ser queer. Quanto mais me aproximo do meu eu verdadeiro e o abraço, mais posso sonhar, mais meu coração cresce, e mais eu prospero. Para todas as pessoas trans que lidam com assédios, problemas de autoestima, abuso e ameaças de violência todos os dias: eu vejo vocês, eu amo vocês e farei de tudo para mudar o mundo para melhor.
Obrigado por lerem esta carta
Com todo meu amor
Elliot
Eu mencionei há algum tempo no zap um filme chamado O Predestinado. Não sei se você viu. Com Ethan Hawke.
ResponderExcluirSobre o Elliot, eu compartilhei há alguns dias nas redes sociais, mas achei interessante a forma como você analisou a situação, ligando-a aos X-Men.
As coisas estão acontecendo um pouco mais rápido na esteira de pessoas famosas que estão se declarando.
Parece que a ação contrária dos governos que tentam combater a liberdade está fazendo com que haja uma reação.
Trump, bolsonaro, Putin etc.
Vou copiar seu texto para o meu blog, OK?
Fique à vontade Edi. Pra mim é um privilégio.
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