A arte de fazer amigos

                                                            Foto de Mwabonje no Pexels

    Cada um de nós encerra dentro si um pequeno universo, uma bolha pessoal onde vivemos nossos dramas, frustrações, conquistas, alegrias, sofrimentos e aprendizados. Como rainhas e reis em nossos castelos somos os protagonistas de nossa própria estória, tudo mais é periférico. Ao longo da vida permitimos que outros penetrem essa bolha, uns ficam por mais tempo que outros e como cada um é o chefe da própria casa lhe é dado o direito de decidir quem fica, quem sai e quanto tempo permanece. Isso faz muito sentido na teoria, na prática não é assim que funciona. Muitas vezes pessoas invadem nosso espaço mesmo sem nossa permissão ou nos conduzem a aceitar sua entrada e tocam o terror em nossa vida. Nesses momentos precisamos ser fortes para por ordem na casa novamente. Em compensação, outras vezes pessoas chegam e ocupam cadeira cativa em nossa casa e sua companhia é tão agradável e enriquecedora que passam a morar pra sempre e mesmo que eventualmente hajam desentendimentos tudo se resolve mais facilmente porque amizade verdadeira não pesa. Como eu costumo dizer: quem tem amigos tem um tesouro na terra.

    E como se consegue amigos verdadeiros?

    É preciso se doar, é preciso se entregar de verdade na arte do fazer amizades. É preciso saber de antemão que é necessário se doar primeiro. Esse doar também pode ser conceder, se esforçar em uma tarefa para propiciar a felicidade do outro. E há muita coisa que pode ser dada desde um simples sorriso até um presente caro, cada coisa tem o seu valor dentro de um contexto específico. As vezes o que não custa nada pra você pode ter um valor inestimável para outra pessoa, desde um objeto encostado que você não usa mais e é o sonho de consumo de alguém até um abraço de acolhimento para uma alma cansada da sofreguidão do mundo.

    Pessoas vivem em pequenos universos, pessoas ordinárias como eu e você que está lendo esse texto. Temos nossas neuras, nossas necessidades cotidianas e nossos sonhos, viver não é fácil mas pode valer a pena, temos nossas ilhas de alegrias e recompensas. Queremos ser acalentados e confortados, ter o ego massageado, queremos que riam de nossas piadas, que se emocionem com a nossa atuação, que dancem e cantem junto com a nossa música. Tudo isso nós queremos porque somos humanos e aqui eu coloco a humanidade não como atributo de qualidade mas como característica do que somos.

    Quando quiser fazer uma amizade verdadeira invista nela. Quando prestar um serviço para um(a) amigo(a), mesmo que seja sem custos, faça o melhor que puder em tempo hábil, dentro das suas possibilidades. Não o(a) deixe no vácuo pensando, talvez equivocadamente que você não se importa. Convide seu amigo para tomar uma cerveja ou almoçar juntos, marque um chá na casa de sua amiga para conversarem sobre moda e outras coisas da vida. Vá aos shows dos seus amigos, vá ao teatro vê-los, prestigie a arte que eles fazem, se emocione de verdade, sorria das anedotas deles mesmo que não ache graça e sobretudo ouça, mas ouça com muita atenção e se possível tente se colocar no lugar deles, eles tem muito a dizer, precisam desabafar e as vezes só podem contar com você. Mas eles também tem muito a ensinar, então ouça. E faça isso sem esperar nada em troca porque o preço da amizade é a dedicação. A recompensa virá, suave como pluma porque amizade não pesa. 

    Isso é o que eu tenho pra dizer hoje. Um brinde às minhas amigas e amigos.

    Débora Zimmer