A Odisseia da Transmigração

 

   

    Foram quase 40 anos até esse momento. Uma agonia sem fim que se arrastou por tanto tempo que achei que nunca fosse terminar. Mas terminou. O momento de libertação pedia enfim um registro dessa experiência terrível, para além disso precisava ter toda a sua carga emocional negativa convertida em algo positivo e útil. Mais uma vez a arte cumpriu a sua função catalisadora esculpindo a matéria bruta e libertando a sua essência numa sequência de sensações ora de perplexidade e mistério, ora sombrias e agonizantes, ora confortantes e esperançosas ressignificando a jornada da auto descoberta da personalidade humana muito à frente da ditadura da bipolaridade. E assim, da necessidade surgiu quase que instantaneamente a Odisseia da Transmigração em um arroubo de criatividade, uma obra em que ouso desafiar o ouvinte a imergir no universo da diversidade de gêneros e compartilhar as suas peculiaridades, dificuldades, dores e alegrias. 

    Bem vindos(as) ao meu mundo.

    Odisseia da Transmigração - Débora Zimmer - 2020


Ouçam em https://ps.onerpm.com/6104331878 Sigam-me em http://instagram.com/deborazimmerg 01 - Retorno ao vale das lamentações a - Sob a pele que habito b - Ilusões transmórficas na sala de espelhos c - Um copo de resignação 02 - Tormenta no mar de desilusões a - Travessia do estreito das sombras b - Crisálida c - Sobre a pele que me desfaço
03 - Novo Horizonte a - A onisciência da multipolaridade b - Ponto fora da curva c - Enfim... em casa. A transmigração é uma doutrina filosófica religiosa que prega ser possível a uma mesma alma habitar diversos corpos após longos períodos no império dos mortos com o objetivo de buscar a purificação. Outras doutrinas também compartilham esse dogma com ligeiras diferenças e embora a maioria delas estejam de acordo quanto a crença de que o espírito não tenha gênero ou sexo a experiência da condição chamada disforia de gênero se assemelha a uma designação equivocada da ocupação de um invólucro físico de determinado gênero por uma alma de gênero oposto. Ainda segundo o Espiritismo, uma sequência longa de encarnações em um único gênero poderia imprimir certas características ao espírito fazendo com que este desenvolvesse dificuldades de adaptação ao habitar um corpo de gênero oposto. A sensação de ter encarnado no corpo errado persegue quem sofre com essa condição caracterizando a dificuldade em lidar com essa realidade. A psicologia tem outras explicações e tratamentos que nem sempre conseguem amenizar o sofrimento dessas pessoas fazendo com que, a maioria das vezes o melhor custo/benefício recaia sobre a aceitação e assumir a transgeneridade venha a ser o melhor caminho apesar das dificuldades que surgirão ao longo deste. Esta obra intenta traduzir através da expressão da autora o drama vivenciado por uma pessoa transgênero desde a sua descoberta na infância até a sua revelação durante a idade adulta. A percepção de que algo não se encaixa, a resignação em ter que habitar um corpo que não corresponde a sua auto imagem, a repressão, a agonia, a dor e finalmente a libertação e a paz de espírito nem sempre conquistada... todas essas estações são representadas através das diversas paletas sonoras ao longo da obra que espera alcançar os corações e mentes daqueles que ainda precisam se conscientizar que a expressão de gênero e sexualidade é um direito humano essencial bem como outros e outras em situação semelhante a da autora servindo ao menos para oferecer um pouco de alento a essas pessoas que sofrem, muitas delas em silêncio por toda vida.

"Essa é uma obra explicitamente referencial. Ao longo da audição serão percebidas diversas referências a muitos artistas e bandas que, aqui não faço nenhuma questão de esconder, são e serão minhas principais influências musicais. Entre estes estão Genesis, Yes, Pink Floyd, Camel, Vangelis, Flávio Venturini, Rick Wakeman, King Crimson, Anne Haslam e como não poderia deixar de mencionar - Protofonia. Também o design gráfico foi inspirado no artista gráfico Roger Dean, criador das capas do Yes e outras bandas." Essa obra só foi possível graças a várias pessoas às quais eu venho aqui agradecer publicamente pelo suporte que me prestaram durante a travessia dessa tempestade. Minhas filhas Vanessa e Luara, meu filho Gustavo, minhas irmãs Jane, Valéria e Cida, os psicólogos Carlos (CAPS II) e Herilckmans (Rede Sarah), meus amigos Zé Carlos, Edi Silva, Yuri Pierre, Bruno Siqueira, André Gurgel, André Chayb, Janari Coelho, Camila Becker, Joana Carvalho e toda a turma da pós TV 247 em especial Gustavo Conde e Mauro Lopes. Esta obra é dedicada a várias pessoas as quais considero igualmente importantes. São elas Iuri Vieira, Laerte, Priscila Guimarães, Luana Rayalla, Lilly e Lana Wachowski. Nesta gravação um instrumento teve papel fundamental e seria injusto não mencioná-lo. O sintetizador virtual Pigments da Arturia foi o responsável por todos os sequenciamentos, loops e sons estranhos e fantásticos ouvidos nas faixas, uma verdadeira obra prima da engenharia digital. Também são dignas de menção as peças de bateria pré gravadas por bateristas notáveis para o software Supperior Drummer 3 usadas na faixa "Retorno ao vale das lamentações". Mellotron, ARP Solina e Minimoog (Arturia), Hammond Organ (GSI VB3), Pianos (Addictive Keys), Violão aço J200 (Epiphone), Violão clássico (Eagle), Violão 12 cordas (Condor), Violoncelo (SWAM Engine), Guitarra Atlantica e Baixo Tritão (Zimmer-Collen) e Forgotten Voices Francesca foram executados e gravados por Débora Zimmer que também cantou a voz solo em "Sob a pele que habito".


A canção "Sobre a pele que me desfaço" foi originalmente composta para a peça "Laura - Em memória dos anônimos" de Edi Silva e aparece aqui por cortesia do mesmo. A canção "Novo Horizonte" foi doada para a TV 247 e aparece aqui por cortesia de Mauro Lopes.

Os fractais apresentados no vídeo foram extraídos do programa Electric Sheep e tem a sua utilização pública permitida pelo criador. Debora Zimmer - Copy Rights 2020

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